O Centro Histórico de Macau

Fases da candidaturaNotícia
 

  1. Introdução

O Centro Histórico de Macau abrange uma área total de cerca de 1,23 km2, sendo que as áreas principais têm cerca de 0,16 km2 e a zona de protecção uma área de 1,07 km2. As áreas principais são composta por 8 largos e 22 imóveis classificados, bem como pelas ruas que interligam os vários elementos, sendo estes núcleos rodeados pela zona de protecção. Tanto as áreas principais do Centro Histórico de Macau, como a zona de protecção serão consideradas como fazendo parte de um todo unido, com valores culturais interligados, devendo estes valores ser preservados tendo em conta as condições de autenticidade e integridade.


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  1. Critérios para avaliação do Valor Universal Excepcional

Satisfazendo os critérios (ii), (iii), (iv) e (vi) para ser considerado de Valor Universal Excepcional, o Centro Histórico de Macau foi inscrito na Lista do Património Mundial durante a 29ª Sessão do Comité do Património Mundial, realizada em Durban, na África do Sul, no dia 15 de Julho de 2005.
 

Critério (ii)

Justificação da inscrição do Centro Histórico de Macau com base no critério (ii): A localização estratégica de Macau em território Chinês e a relação especial estabelecida entre as autoridades Chinesas e Portuguesas favoreceram um importante intercâmbio de valores humanos nos diversos domínios da cultura, ciências, tecnologia, arte e arquitectura ao longo de vários séculos, valores estes reflectidos pelo Centro Histórico.

 

Critério (iii)

Justificação da inscrição do Centro Histórico de Macau com base no critério (iii): A localização estratégica de Macau em território Chinês e a relação especial estabelecida entre as autoridades Chinesas e Portuguesas favoreceram um importante intercâmbio de valores humanos nos diversos domínios da cultura, ciências, tecnologia, arte e arquitectura ao longo de vários séculos, valores estes reflectidos pelo Centro Histórico.

 

Critério (iv)

Justificação da inscrição do Centro Histórico de Macau com base no critério (iv): O Centro Histórico de Macau afigura-se como um exemplo excepcional de um conjunto arquitectónico que ilustra o contínuo encontro entre a civilização Chinesa e Ocidental, sendo que houve um desenvolvimento paralelo dos povoamentos português e chinês. Assim, o Centro Histórico é caracterizado por um estilo semelhante ao das cidades no Sul da Europa, tendo uma série de espaços urbanos e conjuntos arquitectónicos que se interligam e estabelecem uma relação próxima com a zona portuária, e é igualmente composto por elementos arquitectónicos chineses, evidenciando um cenário de desenvolvimento e coexistência harmoniosa entre as diferentes comunidades ocidentais e chinesa.

 

Critério (vi)

Justificação da inscrição do Centro Histórico de Macau com base no critério (vi): Macau tem sido associada  ao intercâmbio de uma variedade de influências culturais, espirituais, científicas e técnicas entre a civilização chinesa e a civilização Ocidental. Estas ideias motivaram directamente a introdução de transformações cruciais na China, levando ao termo da era feudal imperial e ao estabelecimento da república moderna no país.

 

  1. Valor Universal Excepcional

O Valor Universal Excepcional do Centro Histórico de Macau que foi aceite, reconhecido e anunciado pelo Comité do Património Mundial da UNESCO é o seguinte:

Macau, um porto lucrativo de importância estratégica no desenvolvimento do comércio internacional em solo Chinês, tornou-se um enclave Português em meados do século XVI, permanecendo sob a administração Portuguesa até à transferência da soberania para a China em 1999.

O bem inscrito abrange um conjunto de bens imóveis e espaços públicos classificados, que permitem uma compreensão clara da estrutura da antiga cidade portuária. Com as suas ruas históricas, edifícios residenciais, religiosos e públicos de raiz portuguesa e chinesa, o Centro Histórico de Macau oferece um testemunho único do encontro entre influências orientais e ocidentais a nível estético, cultural, religioso, arquitectónico e tecnológico, testemunhando o primeiro e mais duradouro encontro entre a China e o Ocidente, que foi propiciado por um dinâmico comércio internacional.

Como porta de acesso entre a China e o mundo Ocidental, Macau desempenhou um papel estratégico no comércio mundial. Diferentes nacionalidades, com as suas próprias culturas, mentalidades, competências profissionais e costumes, estabeleceram-se neste enclave no contexto de uma complexa rede comercial marítima. Missionários trouxeram para a China inúmeras inovações culturais, artísticas e científicas; ao mesmo tempo, começaram a surgir edifícios de traça ocidental, incluindo o teatro de estilo ocidental em funcionamento há mais tempo na China, universidades, hospitais, igrejas e fortalezas, alguns dos quais ainda se encontram em uso. A identidade multicultural única de Macau é evidenciada pela presença dinâmica, lado a lado na cidade, do património arquitectónico ocidental e chinês, podendo a mesma dinâmica ser frequentemente encontrada na concepção de edifícios individuais, onde elementos de estilo chinês figuram também em edifícios de estilo ocidental e vice-versa, como, por exemplo, caracteres chineses integrados nos elementos decorativos da fachada barroco das Ruínas de S. Paulo. As características típicas das cidades portuárias europeias são igualmente evidenciadas na estrutura do tecido urbano, composto por praças públicas misturadas com zonas de densos arruamentos, ao longo de ruas estreitas e sinuosas, bem como elementos de influência de outras colónias portuguesas, tais como o conceito de “Rua Direita”, que estabelece a ligação entre o porto e a velha cidadela. Mantêm-se os corredores visuais entre os elementos do Centro Histórico e a zona portuária, reflectindo a origem de Macau como cidade portuária comercial, algo que é igualmente testemunhado pelo Porto Interior, utilizado há séculos e ainda em funcionamento. Influências do encontro histórico permeiam os estilos de vida da população local, no âmbito da religião, educação, medicina, instituições de caridade, língua e culinária. O Valor Universal Excepcional do Centro Histórico não consiste apenas na sua arquitectura, estrutura urbana, gentes e costumes, mas também na mistura simultânea de todos estes elementos. A coexistência de legados culturais de origem oriental e ocidental, assim como as suas tradições vivas, definem a essência do Centro Histórico de Macau.